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Cientistas descobrem fonte “ilimitada” de ouro em estrelas de nêutrons que colidiriam há 130 milhões de anos

Cientistas recentemente fizeram a quinta detecção de ondas gravitacionais a partir da Terra. No entanto, ao invés de relacionadas aos buracos negros, estas foram vistas na explosão de duas estrelas de nêutrons ultradensas.

Como resultado, as estrelas liberaram raios gama, bem como uma grande quantidade de ouro, de acordo com informações do Daily Mail. As ondas gravitacionais foram capturadas por potentes detectores e telescópios presentes na Terra e em órbita. A explosão de fato ocorreu há 130 milhões de anos. No entanto, porque as estrelas estão na constelação Hydra, localizada há 130 milhões de anos-luz, as ondulações no espaço e tempo só chegaram até nós agora.      



Calcula-se que o ouro criado pela explosão possa ser mais pesado do que a massa total da Terra. Foram criadas também grandes quantidades de platina, urânio e outros elementos pesados como o chumbo. “As observações requintadas obtidas em alguns dias mostraram que estávamos observando uma kilonova, um objeto cuja luz é alimentada por reações nucleares extremas”, explicou Dr. Joe Lyman, da Universidade de Warwick que esteve evolvido no estudo. “Isso nos diz que os elementos pesados, como o ouro e a platina usados em joias, são “cinzas” de restos bilionários de uma estrela neurônica.

Os cientistas não só “ouviram” o fenômeno por meio de vibrações no espaço-tempo, como também usaram telescópios terrestres e satélites para ver a luz e a radiação emitida pela grande bola de “fogo” estelar resultante da explosão, que foi apelidada de “kilonova”. A descoberta deixou os astrônomos animados sobre a possibilidade de abertura de um novo “capítulo” na astrofísica, uma vez que poderá ajudá-los a entender melhor o funcionamento interno e emissões das estrelas de nêutrons, bem como a física fundamental em geral, teoria da relatividade e expansão do universo.
“Esta é a primeira vez que o cosmos no fornece um filme com falas ao invés de um filme mudo”, disse o pesquisador Dr. David Reitze, diretor-executivo do Laboratório Ligo, da Caltech. “O áudio é a onda de gravitação e o vídeo é a luz que veio depois”.  Todos os outros quatro eventos de ondas gravitacionais observados antes foram atribuídos a buracos negros, que se rompem em regiões remotas do universo a mais de um bilhão de anos-luz de distância. Já o novo evento, mesmo que ainda distante, foi considerado o mais próximo e mais diferente já registrado. Ele foi causado por uma colisão de estrelas de nêutrons superdensas – apenas uma colher de chá de seu material pesaria um bilhão de toneladas na Terra.

De acordo com o professor David Blair, cientista de ondas gravitacionais na Universidade da Austrália Ocidental, a descoberta pode ser considerada o “Santo Graal” da astronomia. “Comecei a trabalhar nos primeiros detectores de ondas gravitacionais de alta sensibilidade nos EUA em 1973”, revelou. “Nós fixamos nossas esperanças em ondas gravitacionais de estrelas de nêutrons. Este foi o nosso Santo Graal, mas nos esquecemos de quando as ondas foram detectadas em buracos negros”.

Os dois objetos esticaram e distorceram o espaço-tempo enquanto se espiralavam um de frente para o outro, até que finalmente colidiram. As ondas gravitacionais resultantes que se espalharam pelo universo na velocidade da luz foram como ondulações provocadas por uma pedra lançada na água. Elas foram “ouvidas” na Terra por dois detectores incrivelmente sensíveis, localizados em Washington e Louisiana, nos EUA, administrados pelo Observatório de Onda Gravitacional do Interferômetro Laser (Ligo). Dois segundos depois deste evento, uma explosão de raios gama associada foi detectada pelo telescópio espacial Fermi, da NASA. A descoberta chamou atenção de astrônomos em todo o mundo.
“Esta é uma descoberta enorme”, disse o pesquisador Dr. Ryan Foley, professor assistente de astronomia e astrofísica na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz. “Finalmente estamos conectando duas formas diferentes de observar as mesmas ondas gravitacionais e isso é um evento histórico. É como poder ver e ouvir algo ao mesmo tempo”. Embora tenham sido previstas há 100 anos por Albert Einstein, as ondas gravitacionais só foram descobertas em setembro de 2015, garantindo aos três cientistas responsáveis, Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne, um Prêmio Nobel.

Fonte: Jornal Ciência   [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]

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