Header Ads

Síndrome de Alice no País das Maravilhas é relacionada a viagens alucinógenas e dores de cabeça

O romance infantil de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, completa 150 anos este ano.

Porém, há um outro aniversário relacionado ao tema que ocorre nessa data. Trata-se da descoberta da Síndrome de Alice no País das Maravilhas (AIWS), um distúrbio que levou o mesmo nome do livro, em 1955 atribuído pelo psiquiatra britânico John Todd. Um novo estudo do caso revela que não são apenas as dores de cabeça – conforme se pensava antes – sua única causa.
Um homem de 26 anos de idade, paciente estudado, procurou psiquiatras com um histórico de uso de álcool, maconha e LSD. Durante viagens mentais causadas pelo LSD, o homem disse perceber objetos e pessoas fora de proporção, sempre ficando muito grandes, muito pequenos, mais longe ou mais perto do que realmente estavam. Essas distorções perceptivas são a marca registrada da Síndrome de Alice no País das Maravilhas, que ganhou esse nome porque Alice experimenta alguns sintomas muito semelhantes durante sua jornada.
O fato curioso no novo caso é que o homem não estava mais tomando LSD quando experimentou esses sintomas. Depois de uma alucinação ruim, ele tinha jurado largar as drogas. Mas os sintomas da síndrome continuaram. "Esse é o primeiro caso relatado de AIWS que persistiu após a interrupção de LSD", escreveram os clínicos Arturo Lerner, do Lev Hasharon Mental Health Medical Center e Sackler School of Medicine, da Universidade de Tel Aviv, e Shaul Lev-Ran, do Sheba Medical Center, em Israel, no Israel Journal of Psychiatry.
Em outras palavras, as alucinações do homem se manifestaram como a própria Síndrome de Alice no País das Maravilhas. Não está claro por que a AIWS persistiu, e o paciente recusou qualquer tratamento com medicamentos psicotrópicos. Após cerca de um ano, as distorções de percepção sumiram, de acordo com os pesquisadores.
Mas a AIWS nem sempre pode ser relacionada às drogas. Ela pode acontecer por conta de enxaqueca, disse Sheena Aurora, neurologista especialista em enxaqueca na Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos EUA. É um fenômeno raro, com as tais “auras” ocorrendo em apenas 20% dos pacientes com enxaqueca, e a AIWS é vista em um subconjunto ainda menor de pacientes, disse Sheena. A síndrome parece ser causada por uma hipersensibilidade do cérebro, que tipicamente começa no lobo occipital, a região visual na parte de trás do cérebro. No entanto, ela pode se espalhar para os lobos parietais. "A área parietal é o que distingue os tamanhos e formas", disse Aurora.
Embora Lerner e seus colegas não tenham investigado a base biológica da condição de seus pacientes, eles sugeriram que o LSD pode ter um efeito tóxico temporário no núcleo geniculado lateral, uma área do cérebro envolvida na percepção visual. O impedimento temporário dessa região poderia causar macropsia (ver as coisas grandes demais), micropsia (ver as coisas muito pequenas), pelopsia (ver as coisas muito próximas) e teleopsia (ver as coisas muito longe).
Não há registros históricos que sugerem que Carroll já tenha experimentado drogas psicodélicas. No entanto, ele registrou experiências recordes com enxaquecas em seus diários, levando à especulação de que auras de enxaqueca desencadearam aventuras relacionadas com o tamanho alterado do mundo de Alice.
                             Fonte:Jornal Ciência / Foto: Reprodução /

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.