Bipolaridade: entenda possível causa da separação de Catherine Zeta Jones
De acordo com amigos do casal, o transtorno da atriz e o câncer de garganta de Michael Douglas teriam desgastado a relação
Após 13 anos juntos, Michael Douglas e Catherine Zeta Jones anunciaram o fim do casamento. Durante esse tempo, a relação passou por alguns problemas, como o câncer de garganta do ator e o transtorno bipolar da atriz, que, segundo amigos do casal, foram o estopim para a separação. ''É muito estressante. Ele a ama, mas ela tem suas próprias questões.'', contou uma fonte próxima a Michael ao Daily Mirror.
Um mapeamento mundial sobre o transtorno, publicado em março de 2011 na revista Archives of General Psychiatry, mostrou que mais da metade dos doentes - 57% - não recebe tratamento. As informações são do site da Associação Brasileira de Psiquiatria e o estudo aponta que 2,4% das pessoas sofre com este problema em todo o mundo.
A pesquisa mostrou ainda que, entre os brasileiros bipolares, apenas 42,7% procuraram a ajuda de um especialista para entender e tratar o distúrbio. A análise foi feita com mais de 60 mil pessoas em 11 países, incluindo Brasil, EUA e China.
A publicação indica que o transtorno bipolar pode ser mais incapacitante do que o mal de Alzheimer e até mesmo de alguns tipos de câncer, uma vez que, em comparação aos outros doentes, os bipolares podem sofrer anos com os prejuízos da doença sem ao menos conhecê-la.
Simples mau humor x doença: como diferenciar?
Entre os sintomas mais evidentes do transtorno bipolar estão oscilações de humor, depressão, agressividade, irritabilidade ou o contrário - euforia, empolgação e impulsividade excessivas. Mas se este tipo de sentimento acontece com todo mundo, como diferenciar os sintomas entre acontecimentos corriqueiros de uma doença mais grave?
Entre os sintomas mais evidentes do transtorno bipolar estão oscilações de humor, depressão, agressividade, irritabilidade ou o contrário - euforia, empolgação e impulsividade excessivas. Mas se este tipo de sentimento acontece com todo mundo, como diferenciar os sintomas entre acontecimentos corriqueiros de uma doença mais grave?
De acordo com a especialista Doris Hupfeld Moreno, psiquiatra assistente e pesquisadora do Programa Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Ipq-HCFMUSP), "quem não tem sintomas grave, sente que a vida flui". Em outras palavras isso significa que, para uma pessoa normal, nenhum destes sintomas é tão acentuado a ponto de trazer prejuízos graves à vida pessoal ou profissional.
Ela enfatiza que a variação de humor muito frequente deve ser vista com atenção: "Oscilação de humor não é algo normal. É preciso buscar a causa, seja ela uma tensão pré-menstrual, uma depressão ou algo mais grave", explica.
A psicóloga e terapeuta de casal e família Miriam Barros explica que o bipolar costuma exibir comportamentos que destoam da sua personalidade. "É aquela pessoa mais retraída que, do dia pra noite, passa a ser altamente sociável; que começa a ter impulsos de consumo e se endividar; alguém mais apático que passa a demonstrar euforia inexplicável ou energia exagerada, acompanhada de ideias grandiosas."
Ela acrescenta que as pessoas que convivem com um bipolar podem identificar os sintomas mais facilmente do que o próprio: "É aquele indivíduo que você nunca sabe como vai encontrar, não sabe se ela vai sorrir pra você, dar uma 'patada', ou se vai estar profundamente desanimado."
Segundo Mirian, a doença é predominantemente genética e normalmente aparece na fase da adolescência, desencadeada por episódios traumáticos ou estressantes como perdas, separações ou decepções.
A doutora indica atenção redobrada às pessoas que têm na família casos de distúrbios mentais. Ela enfatiza que a ajuda dos parentes e amigos é muito importante para auxiliar o bipolar na detecção da doença e encorajá-lo a buscar ajuda.
Negar a doença só complica o quadro
As especialistas são unânimes em afirmar que o diagnóstico do transtorno bipolar é algo complexo e, muitas vezes, é prejudicado pelo próprio paciente, que se nega a acreditar que tem algum tipo de problema. De acordo com Doris, o que complica mais ainda são os picos de euforia: "Geralmente, as pessoas só procuram um médico quando sentem sintomas de depressão. Já quando têm crises de euforia, acham que é algo normal e que são capazes de tudo."
As especialistas são unânimes em afirmar que o diagnóstico do transtorno bipolar é algo complexo e, muitas vezes, é prejudicado pelo próprio paciente, que se nega a acreditar que tem algum tipo de problema. De acordo com Doris, o que complica mais ainda são os picos de euforia: "Geralmente, as pessoas só procuram um médico quando sentem sintomas de depressão. Já quando têm crises de euforia, acham que é algo normal e que são capazes de tudo."
Segundo a psiquiatra, nestas condições a pessoa fica com a mente acelerada e fisicamente mais energizada, pensa demais, tem muitas ideias, não consegue relaxar e gasta o máximo de energia que pode. Além disso, nota-se uma maior impulsividade, que pode se refletir no abuso de álcool e drogas e no aumento da libido.
Para ela, este é outro fator complicador, pois algumas pessoas chegam a acreditar que são dependentes químicas ou viciadas em sexo, quando a raiz do problema é outra. "Hoje sabemos que isso traz um impacto negativo sobre o cérebro e, quanto antes a pessoa se tratar, mais ela o protegerá de um possível envelhecimento precoce", explica.
Doris afirma que a ausência de tratamento pode prejudicar os relacionamentos e também a vida profissional: "Mesmo uma pessoa com transtorno bipolar leve tem irritabilidade e acaba causando intrigas. Isso pode minar a capacidade de ser um bom pai ou um bom parceiro, e também irá trazer problemas no trabalho, pois, por mais que essa pessoa se especialize e encha o currículo, sem medicação ela terá dificuldade de usar 100% do seu potencial."
Tratamento adequado, vida normal
A psicóloga Miriam enfatiza que, por ser uma doença que desencadeia reações químicas, não há como restringir o tratamento somente à psicoterapia. "O psiquiatra irá receitar a medicação ideal para o paciente. Geralmente, são utilizados estabilizadores de humor, combinados às sessões de terapia."
A psicóloga Miriam enfatiza que, por ser uma doença que desencadeia reações químicas, não há como restringir o tratamento somente à psicoterapia. "O psiquiatra irá receitar a medicação ideal para o paciente. Geralmente, são utilizados estabilizadores de humor, combinados às sessões de terapia."
Por ser uma doença crônica, o acompanhamento deve ser constante, e a doutora explica que o paciente também deve prestar atenção aos hábitos do dia a dia e viver em busca de uma vida menos estressante, tentando driblar as tensões: "Atividades como ioga e meditação são boas alternativas para ajudar a pessoa a encontrar seu equilíbrio e evitar o estresse, que é o que desencadeia as crises. Também é preciso dormir a quantidade de horas certa e se alimentar bem. Enfim, fazer coisas pensando em não exigir muito do corpo", observa.
As especialistas ressaltam a importância da ajuda de um profissional, que vai diagnosticar o paciente da maneira adequada e dará andamento ao tratamento, permitindo que o bipolar leve uma vida normal. "Os sintomas são muito diversos, mas um especialista consegue distinguir isso e ensinar os pacientes a lidar com os sintomas. Quando isso acontece, é muito bonito, porque a pessoa aprende a diferenciar os sentimentos", finaliza a doutora.
saude.terra
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