Animal bizarro, que viveu há 505 milhões de anos, finalmente foi classificado após ser considerado um “desajuste evolutivo”
Um animal bizarro, parecido com um verme, que viveu há 505 milhões de anos, foi definitivamente classificado na "Árvore da Vida", pelos cientistas.
Conhecido como Hallucigenia, a criatura tem pernas, espinhos, cabeça e uma cauda, e tem sido associada com um grupo de animais da Era Moderna, pela primeira vez.
Ele já havia sido considerado um "desajuste evolutivo", mas agora os pesquisadores descobriram uma ligação importante da espécie com vermes de veludos modernos, que vivem em florestas tropicais.
A descoberta publicada na revistaNature foi feita por cientistas da Universidade de Cambridge.
A semelhança de Hallucigenia com outros ‘vermes de patas’ contemporâneos, conhecidos coletivamente como lobopodios, tem sido muito controversa.
Isso ocorre devido à falta de características claras ligando-os uns aos outros, ou apenas porque é muito difícil determinar a casa evolutiva de animais modernos.
As primeiras interpretações da Hallucigenia, que foi identificado pela primeira vez na década de 1970, causaram certa confusão. Os espinhos ao longo das costas da criatura, foram, primeiramente, confundido com suas pernas. As pernas, por sua vez, foram pensadas ser tentáculos, e sua cabeça foi confundida com sua cauda.
Hallucigenia viveu cerca de 505 milhões anos atrás, durante a explosão cambriana, um período de rápida evolução, quando a maioria dos principais grupos de animais apareceram pela primeira vez no registro fóssil.
Estes fósseis em específico, vêm do Burgess Shale, montanhas rochosas do Canadá, um dos mais ricos depósitos de fósseis do Período Cambriano do mundo.
Um novo estudo sobre as garras da criatura, revelou uma organização muito próxima à de vermes de veludo modernos, onde camadas de cutícula (semelhante a queratina das unhas) são dispostas uma dentro da outra. A mesma estrutura de assentamento pode ser vista também nas mandíbulas desses vermes.
"Muitas vezes, pensou-se que os grupos de animais modernos surgiram por completos durante a explosão cambriana", disse o Dr. Martin Smith, principal autor da pesquisa. "Mas a evolução é um processo gradual: anatomias complexas de hoje surgiram passo a passo, uma característica de cada vez”.
"Ao decifrarmos fósseis como o do Hallucigenia, podemos determinar como os diferentes grupos de animais construíram seus planos corporais modernos”, explicou o professor da Universidade de Cambridge.
Enquanto suspeitava-se que Hallucigenia fosse um antepassado de vermes de veludo, características definitivas que os unissem estavam sendo difíceis de encontrar, e suas garras nunca haviam sido estudadas em detalhe. Através da análise, a comprovação veio.
Fósseis cambrianos continuam a produzir novas informações sobre as origens de animais complexos, bem como a utilização de técnicas de imagens de alta resolução e os dados sobre os seres vivos também permitem aos investigadores que desvendem a enigmática evolução das primeiras criaturas.
"Um resultado interessante deste estudo é que ele transforma nossa compreensão atual da árvore evolutiva dos artrópodes - incluindo aranhas, insetos e crustáceos - de cabeça para baixo", disse o Dr. Javier Ortega-Hernandez, co-autor do artigo.
"A maioria dos estudos baseados em genes, sugere que os artrópodes e os vermes de veludo estão intimamente relacionados entre si. No entanto, nossos resultados indicam que os artrópodes são realmente mais próximos das tardigradas, um grupo de animais microscópicos rústicos, mais conhecido pela capacidade de sobreviver no vácuo do espaço e em temperaturas abaixo de zero, deixando os vermes de veludo como primos distantes”, explicou o Dr. Javier.
"As garras peculiares de Hallucigenia são uma prova clara de que resolver um debate longo e discutido na biologia evolutiva, pode até mesmo ajudar a decifrar outras criaturas do período Cambriano que até hoje sejam um problema”, acrescentou Smith.
Foto: Reprodução / lifebeforethedinosaurs / weinmayer /
Fonte:Jornal Ciência
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