Muito além da beleza: Botox ajuda no tratamento de 8 doenças
O botox é famoso na área estética por suavizar rugas e marcas de expressão. Mas você sabia que também ajuda no tratamento de oito problemas, como bexiga hiperativa, hiperidrose e estrabismo?
Em 1950, cientistas descobriram que a toxina botulínica podia reduzir espasmos musculares. A sua primeira grande utilização para fins terapêuticos se deu entre os anos 50 e 60, com o oftalmologista americano Alan B. Scott, na busca por alternativas de tratamento para o estrabismo.
Segundo a Allergan, que fabrica o Botox, a média de duração do efeito é de três a seis meses, de acordo com a patologia, dosagem aplicada e outras terapias realizadas em conjunto para melhor reabilitação. “Em alguns casos de estrabismo infantil, no entanto, a injeção do Botox pode corrigir o problema definitivamente. Embora tenha uma ação temporária, de alguns meses apenas, o relaxamento muscular induzido pelo medicamento nesses casos permite que a criança consiga alinhar espontaneamente os olhos”, explicou o oftalmologista Marco Cézar Helena, do Hospital Leforte.
O produto é contraindicado, como informou a Allergan, para pacientes que apresentam alergia a algum componente da formulação, têm processo inflamatório no local da aplicação, para grávidas e lactantes, além de portadores de doenças neuromusculares, imunológicas e coagulopatias (problemas de coagulação) ou ainda para pessoas que façam uso de anticoagulantes ou potencializadores ao bloqueio, como aminoglicosídeos e drogas que interferem na transmissão neuromuscular.
Confira as oito indicações terapêuticas da toxina botulínica aprovadas atualmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa):
Bexiga Hiperativa (Idiopática e Hiperativa)
O que é: “A bexiga hiperativa é uma condição onde a bexiga tem contrações indesejadas sem controle, fora do momento certo, que seria quando o paciente está com a bexiga cheia e pronto para urinar, ou seja, quando já está dentro de um banheiro. O paciente com o problema descreve como uma situação anormal de vontade de urinar muito frequente e imperiosa que, se não for atendida, provoca a perda involuntária de urina nas roupas. Essa condição afeta muito a qualidade de vida da pessoa, e pode ser uma causa especial de incontinência urinária”, explicou o urologista Flávio Iizuka, do Hospital Leforte.
Atuação da toxina: Por meio da injeção da toxina botulínica diretamente no interior da bexiga, há inibição das contrações involuntárias do órgão.
Curiosidades: Os estudos clínicos mostraram que o Botox reduziu em mais de 50% os episódios de incontinência urinária diária (escape) e melhorou outros sintomas, como urgência, frequência da micção e volume miccional, em pessoas com bexiga hiperativa idiopática (quando não se sabe a causa do problema), como informou a Allergan.
Blefaroespasmo
O que é: “É a contração sustentada dos músculos ao redor do olho, causando o fechamento ocular e a dificuldade na abertura, levando a problemas de visão funcionais e até incapacidade para atividades corriqueiras”, disse o neurologista Diego Salarini, do Hospital Leforte.
Atuação da toxina: Ao enfraquecer os músculos que fecham os olhos, a abertura fica mais fácil e retorna a capacidade visual plena, além de melhorar a estética facial, explicou o médico.
Curiosidades: O espaço de tempo das aplicações deve ser de, no mínimo, três meses, para que não gere anticorpos contra a toxina botulínica, segundo Salarini.
O que é: É o movimento involuntário que ocorre por contração de músculos antagonistas (que executam movimentos antagônicos) e geram posturas anormais. Os espasmos podem afetar uma única parte do corpo, como os olhos, o pescoço, os braços ou as pernas (distonias focais); duas partes vizinhas, como o pescoço e um braço (distonias segmentares), um lado inteiro do corpo (hemidistonia); ou praticamente o corpo todo (distonia generalizada), segundo Allergan.
Atuação da toxina: “Enfraquece a musculatura em que é aplicada, causando um rebalanço das forças sobre a articulação e desfazendo as posturas anormais”, disse o neurologista Salarini.
Curiosidades: “Sabemos que modifica o volume do músculo e a força com o passar das aplicações. Dessa forma, pode ser que, com o tempo, o efeito das aplicações aumente e possa ser mais duradouro”, acrescentou o médico.
O que é: É o movimento anormal de metade da face, gerando repuxamento da face e fechamento do olho do lado em questão, como informou o neurologista Salarini.
Atuação da toxina: “Na face, os músculos funcionam como ‘cabo-de-guerra’, pois eles estão fixados na pele e geram movimentos contrários, comparando lado direito e esquerdo. Como há um excesso de movimentos no lado afetado, nós enfraquecemos esses músculos com a toxina, obtendo uma redução de movimento e o efeito estético de simetria facial”, explicou o neurologista.
Curiosidades: Segundo o médico Salarini, a frequência de aplicações deve ser de, no mínimo, três meses, para que não gere anticorpos contra a toxina botulínica.
O que é: “É uma contração sustentada de um grupo de músculos de um membro, causando uma postura em extensão ou flexão devido ao enfraquecimento do músculo antagônico. Ocorre em situações de AVC, traumatismo de medula espinhal ou traumatismo crânio-encefálico, esclerose múltipla com manifestações espásticas”, explicou o neurologista Salarini. Limita os movimentos, principalmente, dos braços e pernas, segundo a Allergan.
Atuação da toxina: Ao relaxar o músculo, ocorre a facilitação de movimentos, como informou o médico.
Curiosidades: “Não cura a espasticidade, mas há casos em que ocorre uma melhora tão acentuada, que reaplicações se tornam desnecessárias”, acrescentou Salarini.
O que é: Estrabismo é uma condição em que há desalinhamento de um olho em relação ao outro. Para enxergar normalmente, é preciso que ambos os olhos se direcionem para o mesmo ponto observado, explicou o oftalmologista Marco Cézar Helena, do Hospital Leforte.
Atuação da toxina: “É injetada diretamente no músculo ocular que está contraturado (e produzindo o desvio do olho), para relaxá-lo. Em adultos, esse procedimento pode ser realizado ambulatorialmente, mas nas crianças e em alguns adultos, é necessária internação hospitalar para a realização de anestesia local e geral”, afirmou o médico.
Curiosidades: Normalmente, a toxina botulínica é utilizada apenas eventualmente e como coadjuvante no tratamento cirúrgico convencional de estrabismo. “Em alguns casos de estrabismo infantil, no entanto, a injeção do Botox pode corrigir o problema definitivamente. Embora tenha uma ação temporária, de alguns meses apenas, o relaxamento muscular induzido pelo medicamento nesses casos permite que a criança consiga alinhar espontaneamente os olhos”, explicou o oftalmologista Helena. Segundo o profissional, o uso da toxina no tratamento do estrabismo pode levar a efeitos colaterais transitórios, como uma queda (ptose) importante da pálpebra e mudança do sentido do desvio (por exemplo, pessoa com estrabismo convergente pode desenvolver estrabismo divergente após a aplicação da substância).
O que é: Transpiração excessiva. “Algumas pessoas suam em excesso na axila (focal axilar) e outras suam mais nas mãos e pés (focal palmar e plantar). Há quem sue em excesso nas três áreas”, explicou a dermatologista Ana Paula Pierro, da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Atuação da toxina: Paralisa as fibras musculares que promovem a saída do suor da glândula sudorípara, como informou a dermatologista Suzy Rabello, do Hospital Bandeirantes.
Efeito: “O organismo forma novas estruturas nervosas que podem novamente estimular as fibras musculares associadas às glândulas sudoriparas, portanto o efeito da toxina botulínica é temporário”, esclareceu Suzy. “O efeito dura em média 9 a 12 meses”, acrescentou Ana Paula.
O que é: É a forma de dor de cabeça mais incapacitante na população geral, com manifestações em mais da metade do mês, por mais de três meses, segundo o neurologista Salarini. “Apresenta as mesmas características da migrânea sem aura: dor forte, com náuseas, aversão à luz e ao som, piorando com esforço físico e incapacitante para as atividades de vida usuais”, listou o neurologista.
Atuação da toxina: Ainda não se sabe ao certo como funciona, porém há algumas propostas: relaxamento da musculatura ao redor do crânio, redução da estimulação dos receptores de dor e inibição da liberação dos neurotransmissores dos circuitos de dor, como listou o médico.
Curiosidades: “Deve ser aplicada cinco vezes, com três meses de intervalo, conforme protocolo mundial. Depois desse período, a aplicação ocorre por demanda”, disse o médico.
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