Pesquisadores descartam ideia de poder fazer o tempo voltar - pelo menos por enquanto
Um estudo recente publicado na revista Physical Review Letters, descrito em um artigo de Ian O’Neill, do Discovery News, revela que um grupo de físicos teóricos estudaram a Flecha Quântica, também conhecida como “Flecha do Tempo”, para saber se seria possível voltar em um tempo anterior.
Um exemplo cotidiano desse conceito, é a fusão de um cubo de gelo. No caso, há um aumento irreversível da entropia, causando a desordem natural, pois quando há o degelo, a matéria é menos estruturada que antes.
A Flecha Quântica é um conceito utilizado para diferenciar um sentido ao tempo, tomando como base um mapa relativístico quadrimensional do mundo. Naturalmente, essa flecha aponta para o futuro, seguindo a cronologia do tempo.
O estudo foi realizado para tentar descobrir uma maneira diferente de observar esse tempo em escala universal.
Porém, é preciso entender que existem várias teorias explicativas sobre o motivo do tempo nunca regredir, e sim, progredir. A teoria física da entropia sugere que o tempo parte de um estado de baixa entropia e vai aumentando, a partir de uma impulsão termodinâmica.
Aplicando esse conceito em uma escala universal, acredita-se que a origem do Universo a partir do Big Bang, aconteceu dessa maneira.
Porém, muito se contesta sobre essa teoria, pois foi observado que a desordem universal tem diminuído, e não aumentado, como sugeria a hipótese anterior.
Flavio Mercati, um pesquisador do Instituto Perimeter (PI) de Física Teórica, no Canadá, acredita que a entropia é medida de forma precipitada, já que não há um quadro de medidas para grandezas físicas com dimensões a serem comparadas.
A partir dessa refutação, pode-se imaginar a teoria da complexidade, que consiste no conjunto de elementos diferentes que se relacionam com um meio externo. A complexidade seria uma quantidade adimensional que descreve o sistema, ou seja, o Universo vai se estruturando ao longo do tempo.
Com o objetivo de testar essa teoria, o pesquisador Mercati e seus colegas, criaram modelos básicos de computador que simulavam partículas em um Universo criado. E o resultado provou que ele sempre se tornou mais complexo, nunca regredindo.
"Cada solução do modelo de brinquedo gravitacional que estudamos tem essa propriedade de ter, em algum lugar, um estado muito homogêneo, caótico e não-estruturado, que se parece muito com a sopa de plasma que constitui o universo no momento de sua criação. Então, em ambos os sentidos de tempo, a gravidade do estado aumenta as heterogeneidades e cria um monte de estrutura e ordem, de forma irreversível", relatou Mercati, comparando com o Big Bang.
Dessa forma, a Flecha do Tempo seria sempre crescente. Nesse amadurecimento, os subsistemas de baixa entropia seria facilmente impulsionados. "O Universo é uma estrutura cuja complexidade está crescendo. É composto de galáxias grandes separadas por vastos espaços vazios. No passado distante, eles foram mais aglutinados. Nossa percepção do tempo é o resultado de uma lei que determina um crescimento irreversível da complexidade", disse Mercati.
O próximo passo da pesquisa seria olhar para a evidência observacional, algo no qual Mercati e sua equipe estão trabalhando. "Nós não sabemos ainda se há algum apoio observacional, mas sabemos que tipo de experiências têm a chance de testar a nossa ideia. Estas são observações cosmológicas”, concluiu.
Por enquanto, ele não revelou que tipo de observações cosmológicas serão investigadas, apenas que eles vão continuar estudando todas as teorias possíveis para saber se, realmente, um dia será possível ir contra a flecha quântica.
Foto: Reprodução / Decodingeden / Octavian /Fonte:Jornal Ciência
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