Porta-voz do Vaticano: 'Papa tem tanto vigor que nos estressa'

Cerca de 1 milhão de pessoas estiveram hoje em Copacabana, de acordo com a organização, para acompanhar a cerimônia com o papa Francisco

25 de julho - Com o trânsito muito complicado após o fim da cerimônia do Papa na praia de Copacabana, a opção para muitos fiéis foi caminhar até um ponto mais tranquilo para encontrar um transporte, ou mesmo até chegar em casa
Foto: Mauro Pimentel / Terra

O vigor demonstrado pelo papa Francisco na visita ao Brasil tem surpreendido até sua própria equipe. Na noite desta quinta-feira, depois que o Pontífice realizou trajeto em carro aberto pela orla de Copacabana e participou da festa de acolhida da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o diretor de imprensa do Vaticano e do evento até brincou sobre a energia de Jorge Mario Bergoglio na
sua primeira viagem oficial à frente da Igreja Católica. 

“Efetivamente, papa Francisco nos dá provas de muito vigor. Quando Bento XVI fez suarenúncia, falou que precisava ser substituído por uma pessoa com mais vigor e temos visto isso. Acontece também na sua rotina em Roma. Isso, de certo modo, nos estressa. Não estávamos acostumados com tanta energia. É uma grande novidade e eu também sou pego de surpresa muitas vezes", afirmou Federico Lombardi.

O porta-voz do Vaticano acrescentou que o Papa não costuma aproveitar o tempo livre para descansar e mostrou certo receio de até quando pode durar toda esta energia, já que Francisco não é tão novo - tem 76 anos. "Há um ritmo de atividade inacreditável. Estamos contentes que já estamos na metade da viagem. Se fosse muito mais comprida, já estaríamos destruídos", divertiu-se novamente Lombardi. "Quando o vejo, tenho impressão que sua energia seja inesgotável. Ele não aproveita o tempo que poderia descansar, sempre faz alguma coisa. Temos que ver isso como uma graça de Deus. Precisamos ver até que ponto ele consegue levar isso."

Nesta quinta-feira, o papa Francisco celebrou uma missa na residência do Sumaré logo no início da manhã. Depois, ele visitou a comunidade de Varginha, no complexo de favelas de Manguinhos, e, em seguida, se encontrou com peregrinos argentinos na catedral do Rio de Janeiro. 

Aval para mudança na programação
Mesmo com uma agenda cheia durante toda a quinta-feira, o papa Francisco foi consultado sobre o cancelamento da programação de sábado e domingo da Jornada Mundial da Juventude, em Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro. Foi do Sumo Pontífice a palavra final para seguir com a mudança da Vigília e da Missa de Envio para o palco de Copacabana, onde Jorge Mario Bergoglio participou à noite da festa de acolhida dos jovens. 

A informação foi dada após a festa pelo diretor de imprensa da JMJ. “O Papa disse que, se as pessoas da organização achavam que a mudança era o melhor a fazer, ele estava de acordo. Será possível então ter mais conforto e segurança do que fazer em lugar que não fosse tão saudável para os jovens”, disse Lombardi. 

A mudança da programação foi a grande novidade do dia na Jornada Mundial da Juventude. A imprensa especializada questionou sobre a falta de um evento de peregrinação, mas a organização minimizou esta situação. “Eu nunca caminhei tanto numa edição da JMJ quanto aqui no Rio de Janeiro. Então acreditamos que esta parte importante numa jornada já está sendo cumprida”, afirmou o porta-voz do Vaticano.

Lombardi tratou de minimizar o choque pela mudança de programação e as frequentes dificuldades que o evento está enfrentando no Rio de Janeiro - na chegada do Papa ele ficou preso no trânsito e os peregrinos enfrentaram diversos problemas com o transporte público da cidade. O porta-voz chegou a lembrar que a situação é tão atípica que, associada à maré alta, a Lagoa Rodrigo de Freitas também correu risco de transbordar e, durante a última madrugada, a temperatura mínima em Guaratiba chegou a 2ºC.

“Eu acho que se faz o que se pode. Evidentemente há alguns problemas difíceis de resolver em uma cidade como esta, como o tipo de trânsito, a localização, o funcionamento de seus meios. Eu não tinha nenhuma ideia, pensava apenas em ver o que havia sido preparado. Quando chega 1 milhão de pessoas em um local que não foi feito exatamente para aquilo, é claro que algum problema haverá. Acredito que isso é posto em consideração por quem vem e os jovens se adaptam facilmente a isso. Há um preço na peregrinação e todo mundo sabe disso. Aceitemos o que está acontecendo e reagimos da melhor maneira. Acredito que o encontro em Copacabana será muito bom.”  

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