Brasil vai implantar primeiro coração artificial infantil 100% nacional
Coração artificial tem a missão de salvar a vida de crianças que esperam por um transplante
O primeiro coração artificial infantil da América Latina totalmente desenvolvido no Brasil é fabricado pelo Instituto do Coração (Incor) desde 2002 e até o final deste ano deve bater no peito de um paciente. Considerado uma inovação pela comunidade médica, ele poderá salvar crianças que hoje morrem na fila à espera de um transplante. Por enquanto, o ventrículo artificial brasileiro é testado em animais, mas a partir de dezembro deve virar uma prática hospitalar diária.
O suporte artificial funciona como uma ponte enquanto se espera pelo transplante. "O objetivo principal é substituir a função do coração que já está falido, não aguenta mais bombear o sangue. O equipamento dá à criança a condição de aguardar por um tempo maior a possibilidade de transplante", defende o médico Marcelo Jatene, diretor da unidade de cirurgia cardíaca pediátrica do Incor.
Na fila de espera
A chance de um paciente morrer na fila de espera é de 60%, de acordo com os médicos. Por isso, o coração artificial é aguardado com expectativa. Uma vantagem que o dispositivo fabricado no Brasil promete ter em relação ao produto exportado é o preço. Enquanto um equipamento produzido na Alemanha, Japão ou Estados Unidos custa entre R$ 150 mil e R$ 200 mil, no Brasil o valor deve ser inferior - mas os médicos do Incor não souberam precisar exatamente quanto a versão nacional custará.
A chance de um paciente morrer na fila de espera é de 60%, de acordo com os médicos. Por isso, o coração artificial é aguardado com expectativa. Uma vantagem que o dispositivo fabricado no Brasil promete ter em relação ao produto exportado é o preço. Enquanto um equipamento produzido na Alemanha, Japão ou Estados Unidos custa entre R$ 150 mil e R$ 200 mil, no Brasil o valor deve ser inferior - mas os médicos do Incor não souberam precisar exatamente quanto a versão nacional custará.
"Um dos grandes problemas em usar esse aparelho já disponível no mercado mundial é o financiamento. As famílias são muito pobres, não têm condições de pagar por isso. Nem todas as instituições têm possibilidade de arcar com a despesa", acredita Janete.
O projeto conta com o apoio e financiamento de outras instituições, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, também já desenvolveu um modelo de coração artificial, mas para adultos. Para o médico Luis Carlos Bento de Souza, diretor da divisão de cirurgia da entidade, o equipamento assume um papel determinante.
"Pacientes em fase avançada da doença vão para transplante ou ficam sem uma solução. Eles precisam de um apoio mecânico para manterem-se vivos até a viabilidade de um doador", conclui. "É algo que vem sendo estudado há muitos anos. Mas não é fácil substituir um órgão como o coração", complementa. Segundo o médico, os detalhes técnicos e materiais envolvidos exigem características especiais para garantir o desenvolvimento da função de maneira adequada.
Como funciona
O coração artificial infantil terá o mesmo sistema de acionamento já validado no uso de dispositivos semelhantes para adultos. O acionamento do ventrículo é feito por um console pneumático ligado à rede elétrica e opera com baterias durante a movimentação do paciente. A recarga é feita por baterias. O equipamento deve atender de recém-nascidos a adolescentes.
O coração artificial infantil terá o mesmo sistema de acionamento já validado no uso de dispositivos semelhantes para adultos. O acionamento do ventrículo é feito por um console pneumático ligado à rede elétrica e opera com baterias durante a movimentação do paciente. A recarga é feita por baterias. O equipamento deve atender de recém-nascidos a adolescentes.
De acordo com estimativas do Incor, 30 mil crianças no mundo nascem com alguma má formação no coração, que pode evoluir para a insuficiência crônica do órgão, necessitando de transplante. Para muitas crianças, o coração artificial pode representar uma chance decisiva.
“O coração artificial vai ajudar na espera. Mas se não tiver doador vamos esperar do mesmo jeito. A doação de órgão nunca deve ser esquecida”, acredita o médico Fábio Antônio Gaiotto, coordenador da equipe de transplante cardíaco do Incor.
A doença que mais leva ao transplante é a chamada miocardiopatia dilatada idiopática. Com ela, os ventrículos dilatam, sendo incapazes de bombear um volume de sangue suficiente para suprir necessidades metabólicas do organismo, acarretando o quadro de insuficiência cardíaca. Além dela, as doenças isquêmicas, que levam ao entupimento das coronárias, e doença de Chagas também estão entre as mais comuns.
“Finalmente o ventrículo tá pronto. Estamos ansiosos para começar esse projeto. Há esperança de implantar o coração em muita gente", conclui. O médico lembra que já se usaram outros corações artificiais em crianças na América Latina, especialmente de marcas alemãs. Mas este é o primeiro fabricado totalmente no Brasil.
Brasileiro salvo por um coração artificial
O mecânico brasileiro Dorvílio Alves Madeira foi o primeiro latino-americano a receber um ventrículo artificial, em fevereiro de 1993. Ele tinha na época 30 anos e estava em fase terminal de doença de Chagas. “Fiquei internado no Incor, dois ou três meses. O ventrículo esquerdo do meu coração tava ruim. Os médicos chamaram minha família e optaram por colocar esse aparelho”, relembra, hoje aos 51 anos.
O mecânico brasileiro Dorvílio Alves Madeira foi o primeiro latino-americano a receber um ventrículo artificial, em fevereiro de 1993. Ele tinha na época 30 anos e estava em fase terminal de doença de Chagas. “Fiquei internado no Incor, dois ou três meses. O ventrículo esquerdo do meu coração tava ruim. Os médicos chamaram minha família e optaram por colocar esse aparelho”, relembra, hoje aos 51 anos.
Ele ficou com o aparelho por quatro dias. Nesse período, as funções voltaram a funcionar e a família optou pelo transplante. "Eu vivo uma vida totalmente saudável, como se não tivesse acontecido nada. É como se eu tivesse renascido", observa. “Eu tava muito convicto de que iria viver. Tive muita vontade de superar. Minha família não queria permitir que implantassem o ventrículo artificial, a decisão partiu de mim”, conta.
A operação foi feita no Hospital das Clínicas, em São Paulo, e fez com que ele pudesse aguardar, com a ajuda do aparelho, até a disponibilidade do coração de um doador. Hoje ele tem vida normal e mora em São José do Rio Preto (SP).
noticias.terra
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