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Mais Médicos: número de inscritos com dados errados supera 45%

Os candidatos têm até domingo para corrigir as informações. Ministro diz que 'número chama a atenção', mas evita falar em sabotagem

Ministro da Saúde, Alexandre Padilha apresenta o balanço das inscrições no Mais Médicos
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta sexta-feira que dos 18.450 médicos inscritos no programa Mais Médicos, 8.307 apresentaram número do registro profissional (CRM) errado. Apesar de representar um percentual de mais de 45% dos candidatos, o ministro evitou confirmar uma "sabotagem" ao programa, o que já havia sido cogitado pelo governo.
"Nós recebemos uma denúncia clara, de que um grupo isolado estaria tentando sabotar o programa. Encaminhamos para apuração da Polícia Federal, que vai nos permitir identificar se isso continuou, se houve mesmo essa intenção", afirmou. Ele reforçou que os candidatos têm até domingo, dia 28, para corrigir os dados. Na segunda-feira o governo deve divulgar um novo balanço.
Durante as duas semanas em que o edital esteve aberto, o Ministério da Saúde recebeu denúncias de que grupos se mobilizaram nas redes sociais para boicotar e inviabilizar o programa Mais Médicos. A possível sabotagem consistia em gerar alto número de inscrições e, em seguida, provocar desistência em massa, com a intenção de atrasar o cronograma do programa.
"O que chama atenção é o alto número de CRMs inconsistentes. Depois da meia-noite de domingo vamos saber o que de fato houve", disse Padilha, ao afirmar que foi verificado - pelo cruzamento de dados dos CPFs dos inscritos - que outros 1.270 médicos bolsistas de residência também se inscreveram no programa. Segundo Padilha, se houver mesmo a inteção de participar do Mais Médicos, esses profissionais terão de abrir mão da especialização.
Padilha ainda afirmou que o número de inscritos superou a expectativa. "Vamos deixar bem claro que este é o primeiro mês de seleção. Foram apenas 15 dias de inscrições", disse, ao destacar que no dia 15 de cada mês serão abertas novas chamadas para brasileiros e estrangeiros fazerem a inscrição. "Nossa expectativa foi cumprida. São 18 mil inscritos, para a necessidade de 15 mil vagas".
O ministro também falou que do total de inscritos, mais de 1,9 mil são estrangeiros. Foram registradas candidaturas de profissionais de 60 países. Lidera a lista a Espanha, seguida de Argentina e de Portugal. Questionado por jornalistas, Padilha disse que não tinha dados sobre a participação de médicos formados em Cuba e anunciou que após as inscrições individuais vai definir uma parceria com governos e universidades estrangeiras para a vinda de grupos de médicos. Um convênio com o governo cubano para a "importação" de 6 mil médicos não foi descartada.
Participação dos municípios
O ministro exaltou a adesão dos municípios ao programa. Segundo o balanço, 3.511 municípios brasileiros se inscreveram no programa, o que corresponde a 63% do total. Ele disse que nas regiões mais carentes de profissionais, como o Norte e o Nordeste, a participação também superou as expectativas. A maior adesão foi do Estado de Amazonas, com 97% das cidades participantes. "A adesão foi de mais de 90% dos municípios prioritários", afirmou Padilha.
Lançado por medida provisória, o programa Mais Médicos tem como meta levar médicos para atuar durante três anos na atenção básica à saúde em regiões pobres do Brasil. O Mais Médicos ainda prevê a possibilidade de contratar profissionais estrangeiros para trabalhar nessas regiões carentes, apesar de brasileiros terem prioridade na seleção. A ampliação do número de vagas em cursos de medicina e da residência médica também faz parte dos objetivos do programa.
ENTENDA O 'MAIS MÉDICOS'
- Profissionais receberão bolsa de R$ 10 mil, mais ajuda de custo, e farão especialização em atenção básica durante os três anos do programa.
- As vagas serão oferecidas prioritariamente a médicos brasileiros, interessados em atuar nas regiões onde faltam profissionais.
- No caso do não preenchimento de todas as vagas, o Brasil aceitará candidaturas de estrangeiros.
- O médico estrangeiro que vier ao Brasil deverá atuar na região indicada previamente pelo governo federal, seguindo a demanda dos municípios.
- Criação de 11,5 mil novas vagas de Medicina em universidades federais e 12 mil de residência em todo o país, além da inclusão de um ciclo de dois anos na graduação em que os estudantes atuarão no Sistema Único de Saúde (SUS).
Cronograma
Até o dia 28, os médicos brasileiros que aderiram ao programa poderão escolher os municípios onde querem atuar pelo site www.saude.gov.br. Em 1º de agosto será divulgada a relação de profissionais com registro profissional no Brasil que terão de homologar a participação e assinar um termo de compromisso até 3 de agosto. Dois dias depois, as escolhas serão validadas no Diário Oficial da União. As vagas remanescentes serão divulgadas em 6 de agosto.
O processo de escolha nesta segunda etapa vai até 8 do mesmo mês e os resultados serão publicados em 13 de agosto.
noticias.terra

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