Substância usada na pasta de dente Colgate Total, para combater doenças da gengiva, tem potencial cancerígeno, diz pesquisa
Um produto químico que tem sido associado com o crescimento celular do câncer vem sendo utilizado por milhões de pessoas diariamente, em suas pastas de dente.
O relatório de 35 páginas revela que a FDA tinha a preocupação de que o triclosan pudesse aumentar o risco de câncer - mas a Colgate rebatia, dizendo que a substância era apenas problemática em grandes doses.
A empresa por trás do problema, a Colgate, insiste que o triclosan usado para evitar a doença da gengiva é seguro, já que o creme dental Total foi aprovado em 1997 pela Food and Drug Administration.
Mas os documentos toxicológicos utilizados pelo FDA para aprovar o creme dental só foram liberados no início deste ano depois de umFreedom of Information Act (Ato de Liberdade de Informação), por uma ação judicial realizada no ano passado - e revelou que a agência tomou como base uma ciência apoiada e patrocinada pela empresa para chegar a sua conclusão. Os dados foram revelados pela Bloomberg News.
Mas as evidências disponíveis na época, bem como os estudos mais recentes, mostram que há, de fato preocupações com o produto químico - incluindo partos prematuros e ossos subdesenvolvidos em animais.
“As páginas recentemente lançadas, em adjunto a novas pesquisas sobre o triclosan, levantam questões sobre se a agência fez a devida diligência na aprovação total, há 17 anos”, disseram cientistas a Bloomberg.
Em 2010, um estudo relacionou o triclosan, que tem sido comumente usado para reduzir a contaminação de bactérias, a redução da fertilidade em camundongos. Já um estudo de 2013 ligou-o a redução da produção de espermatozoides também nestes animais.
E um estudo de 2003 revelou a presença do triclosan na urina de 75% dos 2.517 norte-americanos - incluindo as crianças - que foram testados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
Apesar das evidências - incluindo páginas no relatório mostrando como testes encontraram má formações ósseas fetais em ratos e camundongos - a Colgate considera os resultados irrelevantes porque eles foram conduzidos em animais.
"Criamos um sistema no qual testamos esses produtos químicos com a população humana”, disse o cientista Thomas Zoeller em entrevista aoBloomberg. "Eu endosso a ideia de que eles são todos seguros. Mas quando temos estudos em animais que sugerem o contrário, eu acho que nós estamos assumindo um risco enorme”, comentou.
Ainda assim, a Colgate disse que as 35 páginas não provam que o produto químico é prejudicial aos seres humanos e disse que a sua segurança está provada por mais de 80 estudos clínicos realizados em 19.000 pessoas.
"Nos quase 18 anos que Colgate Total tem estado presente no mercado do EUA, não houve nenhum sinal de problemas de segurança a partir de relatórios de eventos adversos” disse o porta-voz da empresa, Thomas DiPiazza.
Ele acrescentou que, embora a FDA tenha se preocupado com a carcinogenicidade da química, um estudo realizado em 1997 constatou que ela não representa um risco de câncer para os seres humanos.
A Colgate revelou que não tem planos para reformular o creme dental Total.
A FDA disse em seu site que o risco do triclosan em humanos é “desconhecido” – mas, os resultados encontrados em animais deu-lhes uma razão suficiente para executar outros testes.
Reguladores de medicamentos estão agora revendo os perigos do produto químico, mas eles só vão voltar a verificar a aprovação da Total, se encontrarem um motivo suficientemente relevante.
Em um sinal da preocupação com a substância em questão, os legisladores de Minnesota proibiram a substância, em maio. Avon e Johnson & Johnson também anunciaram planos de cortar a substância de seus produtos.
Em 2010, a União Europeia proibiu o triclosan em materiais que entram em contato com alimentos.
Qualquer acusação precipitada sem provas pode ser perigosa, por isso é necessário que os estudos continuem, para descobrir se realmente o uso de triclosan em produtos bucais pode significar um risco futuro.
Foto: Reprodução / Divulgação e Lekpravda
Fonte:Jornal Ciência
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